ELE tem cuidado de vós

“Eu olho para fora da janela, os pássaros estão compondo, nenhuma nota fora do tom ou fora do lugar. Eu olho para as campinas e percebo as flores, mais bem vestidas que qualquer garota no dia do seu casamento. Então, por que eu deveria me preocupar? Por que deveria me desesperar? Deus sabe o que eu preciso. Você sabe o que eu preciso” (Jon Foreman)
Continua após a publicidade...

 

“Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós”. (I Pe 5:6,7)

Continua após a publicidade...

Esse texto é curioso, ele começa falando de humildade e termina falando de ansiedade. Talvez você se pergunte “o que uma coisa tem a ver com a outra?”. Foi o que eu me perguntei esta manhã.

Nos últimos dias tenho sido tomada por momentos de ansiedade. Após um período tentando carregar esse fardo sozinha, confessei a Deus o quão temerosa eu estava e pedi perdão, pois sabia que essa ansiedade era reflexo da minha falta de confiança na Sua Providência Divina. Então, enquanto orava me veio este versículo na mente: “lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós”. Eu sabia que estava em algum lugar de I Pedro… Passei os olhos em todos os versículos e quando o encontrei, logo me perguntei por que o apóstolo Pedro havia incluído humildade e ansiedade na mesma conversa.

Se voltarmos ao versículo anterior, veremos que Pedro ordena aos cristãos sejam humildes e a razão que ele dá pra isso é clara: “Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça”. Após ler esse três versículos (5-7) percebi que o apóstolo constrói um raciocínio baseado na humildade e traz seu ensino em três partes:

1) Dá aos cristãos uma razão/motivação para serem humildes: “Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça”.

2) Dá aos cristãos a ordem de serem humildes: “Portanto, humilhai-vos”.

3) Ensina aos cristãos como serem humildes: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade

Então, primeiramente, ele ensina que nós devemos buscar um espírito humilde porque isso agrada a Deus. Sabendo disso, se torna nosso dever viver de forma humilde diante dEle. Mas a questão é: como podemos viver de forma humilde perante Deus? Embora a nossa concepção cultural de humildade esteja muito voltada a elementos externos, esse texto nos ensina que a verdadeira humildade tem início no coração, na forma como nós nos colocamos perante Deus.

Um coração humilde é o reflexo da alma que confia em Deus. Em contrapartida, um coração ansioso é o reflexo da alma soberba que não confia em Deus. Um coração que acha que por alguma razão Deus vai falhar ou deixar de cumprir os Seus propósitos. A ansiedade reflete a nossa falta de fé: a incredulidade. Por mais que professemos com os lábios crer e confiar em Deus, o coração desmente nossas palavras.

Por isso, Deus não acha bonitinho quando estamos ansiosos, muito pelo contrário, Ele se opõe a nossa ansiedade, pois, ela é fruto de incredulidade e consequentemente soberba. Por muito tempo eu encarei a ansiedade como algo não pecaminoso, como um daqueles defeitos que a gente não tem vergonha de dizer (ansiedade, perfeccionismo e etc.), mas conhecendo a Palavra de Deus e observando a mim mesma tenho aprendido que a ansiedade ganha terreno cada vez que negligencio a Palavra de Deus e a oração, e ela vai formando um ninho sobre a minha cabeça até que eu a lance sobre Deus.

Mas porque lançar sobre Deus nossa ansiedade equivale humilhar-se?

Bem, o fato é que quando fazemos isso reconhecemos que quem está no controle das nossas vidas é Ele (não nós meros mortais). É Ele quem tem o poder de manter ou mudar as circunstâncias e tudo ocorre segundo o Seu querer e não o nosso. Ao lançar sobre Deus a nossa ansiedade, assinamos o atestado de ignorância quanto ao futuro, a fragilidade e incapacidade de agir como Deus, pelo simples fato de que não somos Deus – porém, quando nos esquecemos disso, agimos como tal. Deus odeia a soberba porque ela sempre nos faz querer assumir o posto e a autonomia que não nos pertencem. A ansiedade é maligna porque põe em dúvida a Palavra de Deus (“É assim que Deus disse?” Gn 3:1), ela é profundamente incrédula, embora se mascare de vítima.

Por outro lado, quando lançamos nossos temores e dúvidas diante de Deus e não nos deixamos governar pela ansiedade, mas sim por Sua Palavra, nos humilhamos perante sua poderosa mão.

Confiar em Deus é a atitude mais humilhante para um coração soberbo. Saber que não depende de você, mas do FAVOR de Deus (graça e misericórdia) e admitir que não é você quem está no controle fere o ego, mas é  infinitamente libertador.

Pedro não termina seu raciocínio com “humilhai-vos” (v.6), esse é o primeiro passo. A recompensa é que Deus concede graça e exalta aqueles que confiam nEle. Essa é a maior razão que temos para não andarmos ansiosos. O v.7 que é paralelo ao v.6 expressa isso em outras palavras: “Ele tem cuidado de vós”. O antídoto contra a ansiedade é deixar que essa verdade nos domine: Deus tem cuidado de nós e no tempo oportuno Ele cumprirá os seus propósitos. Não por acaso o apóstolo Pedro fala do tempo oportuno bem aqui (!). Lançar sobre Deus nossa ansiedade é confiar que Ele tem um tempo oportuno para agir e o fato de não estarmos enxergando indica que esse tempo não chegou (Deus não dorme no ponto!). Uma boa ilustração pra isso é a seguinte: Imagine que você é criança e está numa viagem de trem com o seu pai. Se você sentir sono durante a viagem, vai dormir tranquilamente por saber que seu pai está ali ao seu lado e uma vez que você confia nele, não tem dúvida de que quando chegar a hora de descer ele te acordará (ele não te deixará perder o ponto). Assim também, Deus, o Pai mostra aos seus filhinhos quando é chegado o tempo oportuno, por isso, não precisamos temer. Porque Ele está conosco, podemos viajar tranquilamente sobre os trilhos da vida, como uma criança adormecida no trem, sem medo de passar o ponto, pois, o nosso Pai celestial sabe o destino para o qual está nos levando. Se estivéssemos sozinhos nesta viagem teríamos com que nos preocupar – sem ninguém para nos avisar que é hora de descer, mas Deus está nos guiando ao longo do caminho e no momento certo Ele dirá: acorde filho, é hora de descer, chegamos! Até lá, aproveite a viagem.

Mesmo quando tudo parece confuso e sem direção, lembre-se, Ele tem cuidado de nós! Tenho pregado essa verdade à minha própria alma e espero que ela encontre acolhida em sua alma também.

Livre-se da ansiedade, ela é mortífera, é como uma erva daninha que vai sufocando a alma até não poder mais respirar e perder toda a alegria e a beleza das pequenas coisas da vida. Confesse-a diante de Deus, primeiramente como fruto da incredulidade na Pessoa de Deus e em Sua Palavra; como filha do seu orgulho em querer assumir o comando.

Lançar sobre Deus a nossa ansiedade pode ser golpe fatal no orgulho, pois atesta a nossa incapacidade, mas, em contrapartida, nos traz a bênção da graça de Deus que nos sustenta, renova e reforma. É desta graça que precisamos.

Porque Ele tem cuidado de nós é que devemos lançar sobre Ele a nossa ansiedade.

Porque Ele tem cuidado de nós é que devemos nos humilhar sob a Sua poderosa mão.

Porque Ele tem cuidado de nós é que devemos nos humilhar, porque se humilhar é depositar a confiança em Deus e viver como quem confia Nele.

Então, caso você ainda tenha dúvidas, “o que tem a ver humildade com ansiedade?!” Veja bem, a humildade é o reflexo do coração que confia em Deus, a ansiedade é o reflexo do coração que não confia em Deus.

Portanto, fuja da incredulidade, confie em Deus porque Ele tem cuidado de nós!

 “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós”. (I Pe 5:6,7)

 “Não andeis ansiosos de cous alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas as vossas petições, pela oração, e pela súplica, com ações de graça” (Fp 4:6)

“Por isso vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Observai as vês do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo; eles não trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? Portanto, não vos inquieteis, dizendo: que comeremos? Que beberemos? Ou: com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas cousas; pois nosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino, a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus próprios cuidados; basta a cada dia o seu mal” (Mt 6:25-34)

Finalizando esse texto e lendo essa passagem de Mateus 6, me lembrei de um tempo em que eu estava cheia de interrogaçõe quanto ao futuro e meu sustento pessoal, e então, lembro que Deus me levou a olhar para as aves do céu e para as flores do campo e perceber o quão preciosa era a minha vida (mais do que todos eles!). E Ele me sustentou, mais uma vez, muito mais do que as aves e as flores. Lembrar disso foi um puxão de orelhas que me fez ver que na maior parte das vezes, infelizmente, nos falta boa memória para nos lembrarmos que Ele sempre cuidou, está cuidando e continuará cuidando de nós.

Também me lembrei dessa canção baseada no cap. 6 do Sermão de Jesus do Monte:

Your love is strong, Jon Foreman

É a Palavra cantada, vale ouvir e refletir.

 

No amor de Cristo

Prisca Lessa

 

 

Deixe uma resposta